23 de agosto de 2008

Darling Nikky

Nikky é só uma garota.
Uma garota como tantas outras.
Mas naquele dia ela não seria só mais uma entre tantas.

Ela acordou e preparou tudo.
Se penteou. Se maquilou.
Saltos altos e batom vermelho.

Nikky disse que se chamava Paula.
Se ele acreditou, não importa.
O nome dele? Ela se esqueceu de perguntar…

Você é especial Nikky.
Você é especial e este é o seu dia.
Ele ficará marcado para sempre.

D.A.

22 de agosto de 2008

Na frente do espelho II

- ENTREVISTA COM COMPUTADOR -

Mas então, qual a sua filosofia de vida?

- Filosofia? Google>Wikipedia>modernamente é uma disciplina, ou uma área de estudos, que envolve a…

Não, não! Como você vê a vida? A existência?

- Existência>Essência>Números? 10101101001

Vamos começar novamente! Fale-me sobre uma pessoa que marcou a sua vida.

- antonio.souza@mail.com.br, programador, instrutor de informática pela escola…

Que tal se falarmos sobre o futuro? Como você imagina que serão os computadores daqui a 100 anos?

- ERRO>A URL solicitada não pode ser recuperada.

D.A.

PS: Espelho, espelho meu, existe alguém mais globalizado do que eu?

Deuses

Os Deuses estavam batendo um papo num lugar bem aconchegante:

Miionginn: No sistema que eu criei os seres inventaram uma forma de movimentar a água e de retirar o sal, para usar em suas necessidades.

Bi: Olha que interessante!

KKoupyye: Verdade! A maioria deles parece passar por essa etapa.

Bi: Exato! E o seu ainda é tão jovem!

Miionginn: Agradeço.

Luuaz: Os meus parecem que continuam naqueles rituais ou códigos de procriação bastante extensos, deu para constatar que existe um grande número que cogita algum tipo de revolução ou mudança, mas acho que demorará a haver algo efetivo.

Miionginn: Entendo. E o seu sistema Bi?

Bi: Continua intrigante… Cada vez mais eles se aproximam da superação das necessidades básicas iniciais e partem para a ruptura corpo-mente.

KKoupyye: Você acha que logo encontrarão A Unidade?

Bi: Parece ser esse o caminho mais provável! Mas claro que ainda é cedo para conclusões.

Miionginn: Que ótimo! Se ocorrer desta forma, torna-se possível que tenhamos uma nova companhia em breve. Viva!

TODOS: VIVA!

KKoupyye: Posso contar algo do meu?

Luuaz: Claro que sim.

KKoupyye: Os seres do meu sistema acessaram a forma de comunicação com o planeta-vasilha deles.

Bi: Excelente! Isso certamente provocará um avanço acelerado na evolução deles.

Luuaz: Lembram-se daquela forma de acesso que ocorreu, onde os seres se comunicavam com o planeta-vasilha, através de manipulação sonora?

Miionginn: Certamente! Foi bastante peculiar.

Jullpuul: Desculpem-me pelo atraso.

Luuaz: Tudo bem?

Jullpuul: Mais ou menos, estou preocupado com o meu sistema… Penso que ao invés de ocorrer um avanço, está acontecendo o contrário.

Bi: Conte-nos.

Jullpuul: Comecei a perceber que, nas últimas eras, o enraizamento de um sistema de compra-venda por uso de objetos de papel, tem tomado conta da vida dos seres mais neuro-complexos, de tal forma que não há mais nenhum movimento, individual ou coletivo, que os leve a se preocuparem com o avanço corpo-mente.

KKoupyye: Talvez seja cedo ainda.

Bi: Sim, talvez. Lembre-se também, que os avanços significativos ocorrem, em sua maioria, após uma ou várias eras bastante obscuras.

KKoupyye: Verdade! Um dos primeiros sistemas de Luuaz quase se destruiu, antes de iniciar uma evolução ruma à Unidade.

Luuaz: Bem lembrado KKoupyye, e foi bastante recompensador após o período de tumulto, pois os seres desenvolveram uma forma de acesso com o planeta-vasilha, onde utilizavam o próprio corpo e a forma de movimentá-lo, aprenderam formas de expressão compostas e desenvolveram uma nova linguagem única entre todos os viventes do sistema.

Jullpuul: Olha só, bastante interessante mesmo! Torço para que ocorra de forma semelhante com o meu.

Miionginn: Bom, voltemos aos nossos sistemas, por enquanto?

Bi: Sim, eles dão mesmo muito trabalho.

KKoupyye: Até o próximo encontro.

TODOS: Até!

D.A.

Os Hóspedes - quarto 108

No hotel da Rua dos Comissionários, no quarto de número 108, está hospedado(a):

- Uma senhora, recém-viúva, de 66 anos.

Porque ela está no hotel?

Porque ainda não conseguiu voltar para a casa desde a morte do marido.

O que ela está fazendo agora?

Dobrando e guardando suas roupas dentro da mala que ela deixa em cima da cama.

Do que ela se lembra?

Do marido a todo momento, lembra-se bastante também do dia em que o filho mais velho bateu a porta do quarto gritando que a odiava. Ele tinha 14 anos na época, hoje tem 48, mas ela sempre se lembra.

Do que ela se esquece?

Ultimamente se esquece bastante das contas para pagar, já que era o marido quem cuidava desses detalhes. Também se esquece de colocar menos sal na comida, mesmo após tantos avisos do médico e percebeu agora que se esqueceu de pintar o cabelo, já consegue ver as raízes brancas crescendo.

Do que ela gosta?

De ver os programas de auditório aos domingos, de pão doce com passas, do abraço dos filhos e de dar presentes aos netos.

Do que ela não gosta?

De comida muito apimentada, de água com gás e de gente que chama as pessoas negras de “moreninhas”.

Se ela pudesse resumir sua vida, numa grande lição para o mundo, qual seria?

Seria para as pessoas falarem mais o que pensam! Primeiro porque ninguém é tão frágil que não possa superar e aprender com o que ouvir e segundo, que ao falar o que pensa é você quem aprende e se supera com a sua verdade.

D.A.

17 de agosto de 2008

Na frente do espelho

- Entrevista com Celebridade -

Você está sozinho, olhando a parede desbotada do quarto e acha que viu um fantasma…
- Como assim?
Ora, usa a sua imaginação! Ou já se esqueceu de como se faz?
- Ah! Uma vez quando eu era criança imaginei que minha cama era um foguete, que iria pra Marte e aí…
Não perca o fio da meada! Voltando!
(Limpando a garganta)
Você está sozinho, olhando a parede desbotada do quarto e acha que viu um fantasma, o que faz?
- Nada.
Nada?
- Nada.
Só isso?
- Sim.
Mas porque? Não sente medo? Desespero? Dúvidas sobre o sentido da existência?
- Hmmm… Não nesse dia.
(Silêncio)
Então existem dias em que você é tomado por esse tipo de questionamento?
- Ah sim, com certeza.
Conte-nos! Queremos muito saber sobre sua iluminação artística! Inspire-nos!
- Vou dizer tudo! Tudo no meu próximo álbum chamado “Nas ilhas do seu coração”, que será lançado agora em julho, pela gravadora…

D.A.

PS: Espelho, espelho meu… Existe alguém mais talentoso do que eu?

14 de agosto de 2008

Cassiopéia

A guerreira Cassiopéia está à espreita, vigiando em silêncio sua próxima vítima, ela travará uma batalha feroz até a morte. Seu alvo: aquele jornaleiro da esquina que teve a audácia de olhar sua bunda e chamá-la de “delícia” na frente dos outros clientes, enquanto ela comprava o último exemplar de Conan, o Bárbaro.

Cassiopéia invoca a força das 50 ninfas do mar, pedindo sabedoria na hora da batalha. Respira fundo:

- Por favor, o senhor pode me ver o último gibi dos X-Men?

- Claro gracinha! Pra você qualquer coisa!

Uma onda de ódio percorre o seu corpo e Cassiopéia visualiza facilmente a aniquilação daquele ser desprezível, imagina-se retirando uma enorme espada prateada da bainha e, num movimento mais rápido do que a própria sombra, corta a língua do infeliz, “Assim você aprende a não falar bobagens para outras mulheres”, ao virar as costas, as pessoas aplaudiriam sua performance de justiceira implacável.

Cassiopéia pega o gibi e ao virar-se para ir embora, ouve do jornaleiro a frase:

- Nossa, a nora que mamãe pediu a Deus!

O tremor no corpo de nossa guerreira é quase que incontrolável, o esforço necessário para manter a cabeça fria é tremendo, no entanto, contando as moedinhas do troco, Cassiopéia verifica para sua felicidade, que a quantia está errada:

- O troco está errado, o senhor me deu a mais!

- Nossa, uma pessoa honesta nesse mundo! Que raridade!

- Só que eu não lhe devolverei o troco, pegarei para mim como uma pequena consolação pelas atrocidades que sofri neste local e, a partir de amanhã, irei ao jornaleiro da próxima rua, já que ele é um cavalheiro, ao contrário do senhor.

(Silêncio)

O jornaleiro fica sem reação e Cassiopéia deixa o local, triunfante.

Mais uma vez a justiça foi feita, graças a nossa heroína!

D.A.

11 de agosto de 2008

Oráculos em tempo de Globalização

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- Maldita Internet ! ! ! !

D.A.

10 de agosto de 2008

Um dia

Quando eu virei gente grande
eu duvidei de tudo.
Eu errei.
Eu gritei.
Eu chorei.

Quando eu virei gente grande
percebi o abismo que
me rodeia.
O nada saber.
O tudo temer.

Quando eu virei gente grande
quase me esqueci
de quem eu era
como criança.

Quando eu era criança
eu tudo podia,
tudo sabia.
Eu era a própria experiência.
Eu era "um dia quando".

Um dia quando
eu era criança,
percebi
que já tinha crescido.

D.A.

Sótão

Está tudo acabado entre nós!
Ele diz enfático.
- Como assim?
Ela parece não compreender.
- Já disse! Está tudo acabado entre nós.
Ele repete com a mesma ênfase.
- Mas… Sem mim… Você é só você…
Ela olha fundo em seus olhos.
- O que você quer dizer com isso?
Ele pergunta intrigado.
- Quero dizer que sem mim… Você não é nada.
Ela parece tranquila.
- HÁ! É a coisa mais absurda que eu já ouvi! É como… É como se você quisesse dizer que eu preciso de você, que sem você eu sou um… um…
Ele fica sem palavras.
- Completo imbecil? Perdedor? Babaca?
Ela completa ainda mais tranquila.

Ele ficou sério.
- Como você pode falar assim comigo?
Ele se sente acuado.
- Ora bolas, falando! Você bem sabe que eu só falo a verdade, querido… É quase que uma maldição.
Ela acende um cigarro.
- Mas…
Ele começa a chorar.
- Sem mim, querido, você seria só aquele menino assustado e medroso que você era quando nos conhecemos… Quem acreditou em você e te fez crescer? Quem apostou no seu talento e o fez ser reconhecido?
Ela solta a fumaça pelo nariz.
- Mas…
Ele continua chorando.
- Agora vamos querido, pare já com essa ceninha de novela mexicana ou nós nos atrasaremos para a recepção dos Almeida Penteado, eles compraram uma mansão enorme e chiquérrima que pertenceu à…
Ela continua falando.

Ele vai até o sótão e pega a arma.

D.A.

4 de agosto de 2008

Te faria

De rodopios, de galanteios... De promessas
e de desejos te formei em mim.
Nos lábios, no abraço e no escuro do
cinema, seu cheiro e a crença em
Todos nós! Criaria outros tantos. Recriaria.
Te faria igual em todos os sentidos... todos
menos um.
Te faria igual em todos os sentidos menos
no sentido que me fiz em você, pois te fiz
importante demais!
Você me aprisionou no amor por você.
De danças no lençol, de olhos na lua e nas
estrelas e no desequilíbrio dos nossos eixos...
Te faria inteiramente novo.
E novamente te amaria.

Daniela Alves